Ausência no Salão de 2025 foi estratégica, afirma executivo
Em entrevista exclusiva ao g1, Ciro Possobom, presidente da Volkswagen do Brasil, afirmou que a decisão de não participar do Salão do Automóvel de São Paulo em 2025, após sete anos de hiato do evento, foi estratégica e não gera arrependimento. A ausência de concorrentes de peso e um formato considerado pouco inovador foram os principais motivos.
“Salão forte para mim é com presença de todas as marcas, né? Tiveram marcas importantes lá, mas muita gente ficou de fora”, declarou Possobom. Para ele, um evento mais “forte” e com um conceito renovado poderia fazer a empresa reconsiderar um retorno em 2027.
Críticas ao formato tradicional e visão para o futuro
O executivo criticou o modelo tradicional de “galpão fechado” e defendeu formatos mais dinâmicos, inspirados em eventos europeus. “Acho que pode ser maior. A gente participou de alguns eventos na Europa que são diferentes, abertos ao público, em praças. Talvez não seja o que o público queira”, avaliou.
Além da Volkswagen, outras grandes montadoras também ausentes em 2025 foram: Audi, BMW, Chevrolet, Ford, Jaguar, Land Rover, Mercedes-Benz, Nissan, Porsche e Volvo.
O segredo do sucesso do Tera e o mercado de hatches
Possobom detalhou o processo por trás do lançamento bem-sucedido do SUV Tera. A percepção clara do potencial do modelo surgiu entre três e seis meses antes da estreia, após anos de desenvolvimento. A estratégia de divulgação, com teaser no Rock in Rio e revelação completa no Carnaval, resultou na venda de 12.200 unidades em menos de uma hora.
Sobre o mercado, ele reconhece a preferência do brasileiro por SUVs (54% das vendas), mas defende a importância contínua dos hatches (24,6%). “O SUV ele realmente prefere mais, mas não quer dizer que o hatch não é importante”, afirmou, citando o Polo e o Golf GTI na linha da marca.
Estratégia de eletrificação: híbridos flex como prioridade
Enquanto concorrentes e marcas chinesas avançam com elétricos, a Volkswagen optou por uma introdução cautelosa no Brasil. O motivo principal é o custo. “Se eu começar a eletrificar [o Tera], quanto fica a mais? Um híbrido leve vai custar R$ 10 mil a mais, um híbrido pleno, R$ 30 mil ou R$ 40 mil”, explicou.
A promessa é que todos os lançamentos a partir de 2026 tenham ao menos uma versão eletrificada, com foco em híbridos flex. “O brasileiro anda muito de carro… A gente acredita que a solução de híbridos é a melhor solução aqui”, justificou, descartando por ora a importação de elétricos chineses em favor da produção local adaptada.
O que faria o mercado automotivo brasileiro decolar
Para ir além do crescimento modesto projetado para 2025 (3%, para 2,55 milhões de veículos), Possobom aponta três fatores-chave:
- Juros mais baixos: A Selic atual, em 15%, é um obstáculo. Uma queda significativa estimularia as vendas.
- Maior escala de produção nacional: Ampliar a produção local baratearia os custos e tornaria os carros mais competitivos.
- Regulamentação mais flexível: O executivo critica as normas de emissões do Brasil, como a fase atual do Proconve (P8), consideradas mais “pesadas” que as da Europa e EUA, o que adiciona custo ao veículo final.
Fonte: g1.globo.com