O ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), marcou para a próxima terça-feira (30) uma audiência de acareação entre o dono do Banco Master, Daniel Vorcaro, e o ex-presidente do Banco de Brasília (BRB), Paulo Henrique Costa. O magistrado pretende ouvir os dois no âmbito de um inquérito que apura fraudes financeiras envolvendo as duas instituições.

Além deles, Toffoli também convocou para a acareação o diretor de Fiscalização do Banco Central, Ailton de Aquino. Toffoli é relator do caso do Banco Master no STF, que tramita em sigilo. A informação foi confirmada pela defesa de Costa, afastado do cargo em novembro após o escândalo vir a público. O STF também confirmou a marcação da audiência.

Objetivo da acareação

Uma audiência de acareação é um procedimento jurídico em que pessoas com depoimentos contraditórios são colocadas cara a cara para esclarecer divergências sobre fatos importantes do processo. Segundo apuração da TV Globo, com a acareação, Toffoli pretende esclarecer as divergências entre os relatos dos investigados e as circunstâncias das fraudes que envolvem o BRB e o Banco Master.

O esquema investigado

Vorcaro e Paulo Henrique Costa são investigados por fraude em papéis vendidos pelo Banco Master ao BRB. A Polícia Federal afirma que o Master emitiu Certificados de Depósito Bancário (CDBs) com a promessa de pagar ao cliente até 40% acima da taxa básica do mercado, um retorno considerado irreal. Segundo a corporação, o esquema pode ter movimentado R$ 12 bilhões.

Há indícios de que dirigentes do BRB tenham participado do esquema. Em março, o BRB chegou a fechar um acordo para comprar o Banco Master, mas o negócio foi barrado pelo Banco Central.

Contexto do Banco Master

Fundado em 1974, o Banco Master passou por diversas reorganizações societárias. Em 2019, Daniel Vorcaro assumiu o controle e implementou uma estratégia de crescimento acelerado. A partir de 2022, analistas passaram a identificar sinais de fragilidade: o banco captava dinheiro a custos altos e direcionava recursos para investimentos considerados arriscados.

Os CDBs oferecidos pelo banco passaram a prometer remunerações de até 140% do CDI, nível muito acima do praticado por instituições sólidas. Para especialistas, isso era um sinal de alerta, indicando que o banco recorria ao investidor pessoa física para reforçar seu caixa. Investigações da PF indicam que parte do dinheiro captado teria sido usada para tapar déficits operacionais.

Fim das operações e investigações

Diante das irregularidades, o Banco Central decretou a liquidação extrajudicial do Master em novembro. As atividades foram interrompidas, a diretoria foi afastada e o Fundo Garantidor de Créditos (FGC) foi acionado para indenizar correntistas e investidores, dentro do limite legal.

A Justiça também determinou o bloqueio dos bens dos controladores e ex-executivos. As investigações continuam para apurar responsabilidades nas esferas civil e criminal.

Fonte: G1