O diretor de Migrações do Paraguai, Jorge Kronawetter, confirmou que o passaporte utilizado pelo ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal (PRF) Silvinei Vasques, quando foi preso em um aeroporto paraguaio, era um documento autêntico pertencente a um cidadão do país. Segundo a autoridade, Vasques cometeu o crime de usurpação de identidade.
“(Silvinei) Era um impostor. Estava utilizando um documento de um cidadão paraguaio, mas, na verdade, era um cidadão de origem brasileira. Pela manhã, nos certificamos, em colaboração com a Polícia Federal brasileira, que ele tinha medidas que o proibiam de sair do seu país e a proibição de usar o passaporte do seu país”, declarou Kronawetter ao Canal 9.
O diretor detalhou que Vasques, um “alvo importante” para a PF brasileira, entrou no Paraguai de forma clandestina e pretendia embarcar em um voo com destino a El Salvador. “Se chama de usurpação de identidade. Ele se utilizou do passaporte original dessa pessoa para poder burlar o alerta que tinha contra ele, uma ordem de captura internacional. Ficou claro que se tratava de um impostor”.
De acordo com a polícia paraguaia, Vasques apresentou um documento de identidade e um passaporte no nome de Julio Eduardo. No entanto, agentes de imigração identificaram inconsistências na numeração e nas impressões digitais. Durante a abordagem, o ex-diretor da PRF confessou que os documentos não eram seus.
A expectativa das autoridades é que Vasques seja expulso do Paraguai e entregue à Polícia Federal brasileira, retornando ao Brasil pela Ponte da Amizade, entre Cidade do Leste (Paraguai) e Foz do Iguaçu (PR).
Contexto: condenações e fuga
Silvinei Vasques foi condenado em dezembro de 2025 pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a 24 anos e 6 meses de prisão por participação na tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. A decisão o incluiu no chamado “núcleo 2” da organização criminosa, responsável por monitorar autoridades e impedir a votação de eleitores, especialmente no Nordeste, por meio de operações da PRF.
Anteriormente, ele já havia sido condenado pela Justiça Federal do Rio de Janeiro por uso político da estrutura da PRF durante a campanha eleitoral de 2022, recebendo multa superior a R$ 500 mil.
Vasques estava em Santa Catarina sob medidas cautelares, incluindo o uso de tornozeleira eletrônica, quando rompeu o dispositivo. Imediatamente, as autoridades brasileiras emitiram alertas para países vizinhos, como Colômbia, Paraguai e Argentina.
Em janeiro de 2025, havia sido nomeado secretário de Desenvolvimento Econômico e Inovação da Prefeitura de São José (SC), cargo do qual pediu exoneração no mesmo dia da condenação pelo STF.
Fonte: G1