Milhares de agricultores europeus mobilizaram-se em Bruxelas nesta quinta-feira (18), com mais de mil tratores, para protestar contra a política agrícola da União Europeia e, em particular, contra o acordo comercial com o Mercosul. A manifestação, que ocorreu durante a cúpula de líderes dos 27 países do bloco, degenerou em confrontos violentos com a polícia.
Imagens de agências internacionais mostram manifestantes a atirar pedras, batatas e outros objetos contra as forças de segurança, quebrar janelas do edifício Station Europe e queimar uma pilha de pneus perto do Parlamento Europeu. A polícia belga respondeu com gás lacrimogéneo e canhões de água para dispersar os protestantes. Pelo menos uma pessoa ficou ferida durante os confrontos.
Os agricultores afirmam que o acordo com o Mercosul, que visa reduzir ou eliminar tarifas entre os blocos, prejudicará setores como a carne bovina, aves, açúcar e soja na Europa. Alegam também que os produtores sul-americanos não estão sujeitos às mesmas normas ambientais e sociais rigorosas.
Além da oposição ao tratado, os manifestantes protestam contra uma eventual redução de mais de 20% nos subsídios da Política Agrícola Comum (PAC) para o período 2028-2034. “A União Europeia está a propor cortes no orçamento enquanto avança com o acordo comercial. Isto é totalmente inaceitável”, declarou a Federação Valona de Agricultura (FWA).
O acordo, que tem a oposição liderada pela França e o apoio de Itália, Hungria e Polónia, poderá ser assinado no sábado (20), em Foz do Iguaçu, se for aprovado pelo Conselho Europeu. A insatisfação no campo europeu, agravada por questões como surtos de doenças no gado, atinge “níveis sem precedentes”, segundo sindicatos do setor.