A administração do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, intensificou a pressão sobre a Venezuela, governada por Nicolás Maduro, não descartando uma intervenção militar. A justificativa oficial é o combate ao narcotráfico e a rotas associadas a grupos criminosos, além de classificar Maduro como líder de um regime corrupto. No entanto, análises apontam que os interesses norte-americanos são mais profundos, envolvendo fatores econômicos e geopolíticos.

O interesse estratégico pelo petróleo venezuelano

A Venezuela detém as maiores reservas comprovadas de petróleo do mundo, aproximadamente 303 bilhões de barris, segundo a Agência de Informação de Energia dos EUA (EIA). Apesar do potencial, a extração é dificultada pela infraestrutura precária e por sanções internacionais. O petróleo pesado venezuelano é considerado ideal para as refinarias da Costa do Golfo dos EUA.

Especialistas indicam que o acesso a esse recurso permitiria aos Estados Unidos reduzir os preços internos dos combustíveis, um objetivo político de Trump. Simultaneamente, pressionar o setor petrolífero, vital para a economia venezuelana, enfraquece o governo de Maduro. Reportagens já indicam dificuldades de armazenamento no país devido ao cerco naval imposto por Washington.

A rivalidade com a China e a influência na região

Após as sanções de 2019, a China tornou-se o principal parceiro da Venezuela, recebendo 68% das exportações de petróleo bruto em 2023, em troca de empréstimos que totalizam cerca de US$ 50 bilhões na última década. Esta relação é vista como uma ameaça geopolítica pelos EUA, que buscam conter a influência chinesa na América Latina.

Analistas observam que a aproximação de Trump com países como Brasil e Argentina também está ligada a interesses energéticos e ao desejo de expandir a influência norte-americana, contrapondo-se ao avanço chinês.

A expansão econômica e o resgate da Doutrina Monroe

Para além do petróleo, há um interesse declarado em abrir o mercado venezuelano para empresas norte-americanas, conforme discutido por figuras da oposição. Esta intenção se alinha com a nova estratégia de política externa da Casa Branca, que explicitamente resgata os princípios da Doutrina Monroe.

Formulada em 1823, a doutrina estabelecia o hemisfério ocidental como área de interesse prioritário dos EUA. A releitura atual, conforme especialistas, é mais ofensiva: busca consolidar a hegemonia continental, afastar concorrentes como a China e assegurar a expansão dos interesses econômicos dos Estados Unidos na região, utilizando a força se necessário.

Fonte: G1