O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), avaliou que sua relação com o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está “estabilizada”. Em declarações a jornalistas, Motta afirmou esperar que, em 2026, o Palácio do Planalto e as lideranças governistas no Congresso superem as divergências registradas ao longo de 2025.
“A relação, na minha avaliação, termina o ano estabilizada. Termina o ano com uma perspectiva de que entremos em 2026 conversando mais, dialogando mais e superando as divergências que aconteceram ao longo do ano”, declarou o parlamentar.
Motta destacou que manteve contato com o presidente Lula e que o respeito mútuo foi preservado. “Nunca se perdeu o respeito [com o presidente]”, afirmou.
Episódios de tensão em 2025
A relação entre o presidente da Câmara e membros do governo ficou estremecida em diversos momentos ao longo do ano. Um dos episódios mais recentes ocorreu durante a análise do Projeto de Lei Antifacção, que cria um marco legal de combate ao crime organizado.
Aliados de Motta interpretaram uma movimentação coordenada da base governista para veicular críticas e desgastar sua imagem. A escolha do deputado Guilherme Derrite (PP-SP), opositor do governo, como relator do projeto, feita pelo próprio Motta, foi um ponto de discórdia. A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, chegou a classificar o texto da proposta como uma “lambança legislativa”.
O desconforto ficou evidente quando Motta não compareceu a um evento de sanção presidencial no Palácio do Planalto, em 26 de novembro. Dois dias antes, o presidente da Câmara havia anunciado publicamente o rompimento com o líder do PT na Casa, Lindbergh Farias (RJ).
Superação de divergências e apoio institucional
Para Hugo Motta, as divergências foram superadas na reta final de 2025. Ele listou uma série de projetos de interesse do governo que foram aprovados pelos deputados com seu apoio institucional.
“A Câmara colaborou muito. Tivemos um cuidado de manter um diálogo — até mesmo quando a gente divergia. Nunca deixamos de conversar. Como todas as relações das nossas vidas, temos altos e baixos. Isso é natural porque cada Poder tem sua independência”, disse.
“Temos uma relação de diálogo, vamos seguir dessa forma. Melhorar propostas e o que vem do Executivo. Os Poderes são independentes e temos que lutar para que sejam harmônicos”, acrescentou.
Opinião sobre novo ministro do Turismo
Sobre a relação com Lula, Motta afirmou ter dado um “testemunho” favorável ao presidente sobre Gustavo Feliciano, convidado para assumir o Ministério do Turismo. Feliciano foi indicado pela bancada governista do União Brasil, em um movimento para fidelizar os parlamentares ao governo, e substituirá Celso Sabino.
Segundo Motta, que conhece Feliciano de sua atuação como secretário de Turismo da Paraíba, o novo ministro poderá ajudar o governo a melhorar sua performance no Congresso Nacional.
“A questão da nomeação do Gustavo Feliciano se deu por construção política de uma parte da bancada do União Brasil, que deseja continuar participando da governabilidade. Foi decisão de parte da bancada”, explicou. “O que pude dizer é que conheço ele, tenho uma relação muito boa. Pude dar meu testemunho favorável. Vai ajudar o governo. Acho que o presidente foi feliz”, concluiu.