O mercado de trabalho alemão enfrenta um dos seus momentos mais difíceis, com a probabilidade de desempregados conseguirem uma recolocação profissional a atingir o seu nível mais baixo de sempre, segundo alerta da Agência Federal de Emprego do país.

Andrea Nahles, chefe da agência, revelou ao portal web.de que um indicador chave, que mede a probabilidade de pessoas desempregadas encontrarem um novo emprego, caiu para 5,7. “O valor normalmente é em torno de 7, mas agora está em 5,7 — mais baixo do que nunca”, afirmou. Nahles descreveu um cenário de estagnação que dura há meses, sem “nenhum impulso chegando”.

As oportunidades são particularmente escassas para jovens à procura da primeira experiência profissional. Em contraste, trabalhadores com qualificações elevadas continuam a ter as melhores hipóteses, num paradoxo do mercado atual: apesar do elevado desemprego, a Alemanha enfrenta simultaneamente um défice de mão de obra qualificada em setores específicos, como os cuidados de saúde e lares de idosos.

Este défice tem levado o governo a intensificar o recrutamento de imigrantes, inclusive do Brasil, para colmatar estas lacunas.

A situação é agravada por números recorde. Em agosto, o número de desempregados na Alemanha ultrapassou os 3 milhões pela primeira vez em mais de uma década. No mesmo período, o número de vagas de emprego abertas (631 mil) registou uma queda de 68 mil posições face ao ano anterior, refletindo a contração da oferta.

O desemprego elevado tornou-se uma pressão central para a coligação governamental, que procura soluções rápidas numa economia em “corda bamba”. O chanceler federal, Friedrich Merz, colocou o tema no foco da sua gestão.

Neste contexto, Nahles, que também é integrante da cúpula do Partido Social-Democrata (SPD), criticou propostas de reforma dos benefícios sociais que priorizariam a colocação de desempregados sem considerar o seu perfil. “Do meu ponto de vista, essa regra pode realmente se tornar problemática se não houver atenção ao perfil de qualificação de cada pessoa desempregada”, argumentou, defendendo que o debate sobre apoios sociais não pode ignorar a realidade do mercado de trabalho.

Fonte: G1