A primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, afirmou nesta quarta-feira (17) que seria “prematuro” para a União Europeia (UE) firmar o acordo comercial com o Mercosul, o bloco económico sul-americano.

Num discurso no Parlamento italiano, na véspera de uma cimeira da UE, Meloni defendeu que o pacto exige garantias de reciprocidade suficientes para proteger o setor agrícola europeu. Apesar da posição cautelosa, mostrou-se confiante em que as condições necessárias para a assinatura poderão ser reunidas no início do próximo ano.

A posição italiana soma-se à da França, que também declarou oposição firme a qualquer tentativa de avançar com o acordo. O presidente Emmanuel Macron comunicou esta posição durante uma reunião de gabinete, segundo um porta-voz do governo francês.

O anúncio ocorre no momento em que a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, preparava uma viagem ao Brasil para o fim desta semana com o objetivo de assinar o acordo. O pacto foi concluído há um ano, após mais de duas décadas de negociações com o Mercosul, formado por Argentina, Bolívia, Brasil, Paraguai e Uruguai.

Num passo relevante para o processo, o Parlamento Europeu aprovou na terça-feira (16) os mecanismos de salvaguarda para importações agrícolas relacionadas com o acordo. A decisão visa permitir a suspensão temporária dos benefícios tarifários concedidos ao Mercosul se a UE avaliar que algum setor agrícola local está a ser prejudicado.

Contudo, o texto aprovado é mais rígido do que a proposta original da Comissão Europeia, obrigando os parlamentares a negociar um novo texto com o Conselho Europeu, que representa os governos da UE. As discussões começaram ainda nesta quarta-feira.