A primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, afirmou que o país pode apoiar o acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul, desde que sejam atendidas as preocupações dos agricultores italianos. A declaração foi feita durante a cúpula do Conselho Europeu, que debate a ratificação do tratado.

“O governo italiano está pronto para assinar o acordo assim que forem dadas as respostas necessárias aos agricultores, o que depende das decisões da Comissão Europeia e pode ser resolvido rapidamente”, disse Meloni em comunicado.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) revelou que, em conversa com Meloni, ela se disse favorável ao acordo, mas ressaltou a necessidade de tempo para construir apoio político interno. “Ela então me pediu, se a gente tiver paciência de uma semana, de dez dias, de no máximo um mês, a Itália estará junto com o acordo”, relatou Lula.

O posicionamento italiano surge em um momento crucial. Enquanto a França, liderada por Emmanuel Macron, mantém forte oposição ao tratado sem novas salvaguardas, Alemanha e Espanha defendem a sua conclusão. O acordo, que visa reduzir tarifas comerciais entre os blocos, foi negociado por mais de duas décadas.

Agricultores europeus, especialmente franceses, veem o acordo como uma ameaça, temendo a concorrência de produtos latino-americanos mais baratos e produzidos sob regras ambientais distintas. Recentemente, o Parlamento Europeu aprovou medidas de proteção, incluindo um mecanismo para monitorar o impacto em setores sensíveis como carne bovina, aves e açúcar, permitindo a reativação de tarifas em caso de desestabilização do mercado.

A decisão final cabe ao Conselho Europeu. Se aprovado, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, deve viajar ao Brasil para a assinatura formal durante a cúpula do Mercosul.