O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) descartou categoricamente a privatização dos Correios, mesmo diante da grave crise financeira que atinge a empresa estatal. Durante um café da manhã com jornalistas no Palácio do Planalto, Lula atribuiu os prejuízos bilionários a uma “gestão equivocada” e reafirmou seu compromisso com o caráter público da instituição.
“Enquanto eu for presidente não vai ter privatização. Pode ter construção junto com empresas, parceria, economia mista, mas privatização não vai ter”, declarou o presidente.
A situação financeira dos Correios é crítica. O prejuízo saltou de R$ 633 milhões em 2023 para R$ 2,6 bilhões em 2024. No acumulado de janeiro a setembro de 2025, o déficit já alcança R$ 6 bilhões, com projeção de fechar o ano em R$ 10 bilhões negativos.
Diante desse cenário, o governo federal discute um plano de socorro à estatal. A proposta envolve um empréstimo de até R$ 12 bilhões, com garantia do Tesouro Nacional, atualmente em análise pela equipe econômica. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que a avaliação do plano de reestruturação deve ser concluída ainda nesta semana.
“Já enviou [o plano]. Já tá aqui, já enviou com plano de reestruturação. Nós estamos ultimando a análise do Tesouro para verificar a consistência do projeto e encaminhar”, disse Haddad.
O empréstimo, negociado com um pool de bancos, respeitaria as regras fiscais e um teto de juros estabelecido em 120% do CDI. O objetivo é viabilizar o pagamento de salários e fornecedores, garantindo a operação da empresa.
Lula reconheceu a gravidade da situação, mas enfatizou a importância dos Correios para o país. “Uma empresa pública não pode ser a rainha do prejuízo. Trocamos o presidente dos Correios, chamamos a ministra Esther e Rui, colocamos alguém com muita expertise e responsabilidade e vamos tomar medidas que tivermos que tomar”, afirmou.
Anteriormente, a estatal havia apresentado um plano mais amplo, que incluía demissão voluntária de 15 mil funcionários e venda de imóveis, além de um empréstimo de R$ 20 bilhões. A proposta atual, de R$ 12 bilhões, é considerada mais viável pelo governo.