O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez um apelo direto aos governos da França e da Itália para que assumam o compromisso de assinar o acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia. O pedido ocorre às vésperas da reunião da Unasul com participação europeia, marcada para este sábado em Foz do Iguaçu.
“Espero que o presidente Macron e a primeira-ministra Meloni tragam a boa notícia de que vão assinar o acordo e que não terão medo de perder competitividade”, declarou Lula durante pronunciamento. O presidente brasileiro minimizou as preocupações europeias, afirmando que “o Brasil não compete com os produtos agrícolas da França” e que o país está “cedendo mais do que eles” nas negociações.
O Parlamento Europeu deu um passo importante nesta terça-feira (16) ao aprovar os mecanismos de salvaguarda para importações agrícolas vinculadas ao acordo. O texto aprovado, no entanto, é mais rígido que a proposta original da Comissão Europeia, exigindo novas negociações com o Conselho Europeu.
As salvaguardas permitiriam a suspensão temporária dos benefícios tarifários do Mercosul caso a UE identifique prejuízos a setores agrícolas locais. As negociações entre Parlamento e Conselho começaram nesta quarta-feira (17), com reuniões previstas para quinta e sexta-feira.
Caso haja aprovação final, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, poderá viajar ao Brasil para assinar o pacto durante a Cúpula do Mercosul no sábado (20).
O desafio da aprovação europeia
Para que o acordo seja validado pelo Conselho Europeu, é necessária maioria qualificada: apoio de pelo menos 15 dos 27 Estados-membros, representando 65% da população do bloco.
A França lidera o grupo de países resistentes ao acordo, negociado há 26 anos. Agricultores franceses temem a concorrência de produtos do Mercosul, considerados mais competitivos. Macron e Meloni concordaram na segunda-feira (15) com a necessidade de adiar a votação.
A Itália pode ter papel decisivo na aprovação. Junto com França, Polônia e Hungria formam o núcleo de nações relutantes. Áustria e Irlanda também demonstram possíveis oposições, enquanto a Bélgica anunciou que se absterá na votação.