Durante a cúpula do Mercosul realizada em Foz do Iguaçu (PR) neste sábado (20), os presidentes do Brasil e da Argentina apresentaram visões opostas sobre a crescente pressão dos Estados Unidos contra a Venezuela.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) alertou que uma intervenção armada norte-americana no país vizinho seria uma “catástrofe humanitária” e um “precedente perigoso para o mundo”. Em seu discurso, Lula afirmou que a América do Sul voltava a ser “assombrada pela presença militar de uma potência extrarregional”, numa referência à Guerra das Malvinas, há mais de quatro décadas.
Em contraponto, o presidente argentino Javier Milei defendeu abertamente a postura do governo de Donald Trump. Milei declarou apoio à pressão política e econômica dos EUA, com o objetivo declarado de “libertar o povo venezuelano” do que chamou de “ditadura atroz e desumana do narcoterrorista Nicolás Maduro”. Para o líder argentino, a Venezuela vive uma crise “devastadora” que representa um perigo para toda a região.
A ofensiva norte-americana, que inclui sanções econômicas, bloqueio a navios petroleiros e operações militares no Caribe, tem como justificativa oficial o combate ao narcotráfico e a grupos criminosos ligados a Caracas. O governo Trump não descarta uma intervenção militar direta.
Em meio à tensão, Lula revelou que pretende conversar com Donald Trump antes do Natal, buscando um caminho diplomático para evitar um conflito. “Falei para o Trump da preocupação do Brasil… que isso aqui é uma zona de paz, não é zona de guerra. Que as coisas não se resolvem dando tiro”, afirmou o presidente brasileiro.
A cúpula reuniu líderes de diferentes espectros ideológicos, como o uruguaio Yamandú Orsi (esquerda), e os presidentes José Raúl Mulino (Panamá) e Santiago Peña (Paraguai), alinhados à direita.
Fonte: G1