O presidente Luiz Inácio Lula da Silva manifestou insatisfação com a falta de consenso na União Europeia (UE) sobre o acordo de livre comércio com o Mercosul. A declaração ocorreu durante reunião ministerial na Granja do Torto, em Brasília, nesta quarta-feira (17).
Lula afirmou que alterou a data da cúpula do Mercosul para 20 de dezembro a pedido da UE, que prometeu aprovar o acordo no dia 19. No entanto, o presidente brasileiro agora recebe informações de que a aprovação não será concretizada.
“Eu vou para Foz do Iguaçu na expectativa de que eles digam sim, e não digam não. Mas, também, se [a União Europeia] disser não, nós vamos ser duros daqui para frente com eles, porque nós cedemos a tudo que era possível a diplomacia ceder”, declarou Lula.
O presidente destacou que países como França e Itália continuam resistentes ao acordo, que é visto como mais favorável aos europeus. “O acordo é mais favorável para eles do que para nós. O [presidente da França, Emmanuel] Macron não quer fazer por causa dos agricultores deles”, completou.
Contexto das negociações
O Parlamento Europeu aprovou na terça-feira (16) os mecanismos de salvaguarda para importações agrícolas vinculadas ao acordo, mas o texto aprovado é mais rígido que a proposta original da Comissão Europeia. Isso exige novas negociações com o Conselho Europeu.
Para ser aprovado pelo Conselho Europeu, o acordo precisa de maioria qualificada: aval de pelo menos 15 dos 27 Estados-membros, representando 65% da população do bloco.
Além da França e Itália, Polônia e Hungria também demonstram relutância. Áustria e Irlanda podem se opor, enquanto a Bélgica anunciou que irá se abster.
Importância do acordo
Caso entre em vigor, o tratado criará a maior zona de livre comércio do mundo, envolvendo os 27 países da UE e os cinco do Mercosul (Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai e Venezuela). As negociações entre os blocos começaram há 26 anos.
Se aprovado pelo Conselho Europeu, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, poderá viajar à Cúpula do Mercosul no Paraná para assinar o pacto historicamente aguardado.