O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez um alerta contundente durante a Cúpula do Mercosul, realizada em Foz do Iguaçu. Em seu discurso, o mandatário brasileiro classificou uma eventual intervenção militar dos Estados Unidos na Venezuela como uma “catástrofe humanitária” para o hemisfério sul e um “precedente perigoso para o mundo”.
Lula expressou preocupação com o que chamou de um retorno da “presença militar de uma potência extrarregional” assombrando a América do Sul, uma referência clara aos movimentos militares dos EUA no Caribe. “Passadas mais de quatro décadas desde a Guerra das Malvinas, o continente sul-americano volta a ser assombrado pela presença militar de uma potência extrarregional. Os limites do direito internacional estão sendo testados”, afirmou.
A tensão entre Washington e Caracas tem escalado há meses. O governo Trump justificou o deslocamento de um forte aparato militar para a região como parte do combate ao narcotráfico. O presidente norte-americano também acusou o regime de Nicolás Maduro de usar recursos petrolíferos para financiar um “regime ilegítimo” e atividades ilícitas. Maduro, por sua vez, acusa os EUA de tentar derrubar seu governo.
Recentemente, Trump declarou que a Venezuela está “completamente cercada pela maior Armada já reunida na história da América do Sul” e impôs um bloqueio total a petroleiros sob sanções.
Diante deste cenário, Lula revelou que pretende buscar o diálogo direto com Donald Trump antes do Natal. “Não queremos guerra no nosso continente. Todo dia tem uma ameaça no jornal e nós estamos preocupados. Agora, vai chegar o Natal e talvez eu tenha que conversar com Trump outra vez pra saber o que é possível o Brasil contribuir para um acordo diplomático e não para a guerra”, disse o presidente.
O mandatário brasileiro reiterou sua crença na via diplomática, citando conversas anteriores com ambos os líderes. “Eu falei pro Trump: ‘Oh, Trump, fica mais barato conversar e menos sofrível conversar do que [fazer] guerra. Se a gente acreditar no poder do argumento, da palavra, a gente evita muita confusão na vida dos países'”, relatou Lula em reunião ministerial.