O presidente Luiz Inácio Lula da Silva revelou que a primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, solicitou um período de reflexão para conseguir o apoio dos agricultores italianos ao acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul. O pedido foi feito durante um telefonema entre os líderes nesta quinta-feira (18).

Segundo Lula, Meloni afirmou não ser contra o acordo, mas enfrenta um “constrangimento político” devido à pressão do setor agrícola italiano. Apesar disso, a premiê expressou confiança em convencer os produtores a aceitarem o tratado.

“Ela me pediu, se tivermos paciência de uma semana, dez dias, no máximo um mês, a Itália estará junto com o acordo”, declarou Lula em entrevista coletiva em Brasília. O presidente se comprometeu a levar a proposta à reunião do Mercosul para uma decisão conjunta.

A declaração ocorre em meio à reunião do Conselho Europeu, onde os países do bloco deliberam sobre a aprovação final do texto. Enquanto a França, através do presidente Emmanuel Macron, condiciona seu apoio a novas salvaguardas para os agricultores, Alemanha e Espanha defendem a conclusão do acordo.

O tratado, que visa reduzir ou eliminar tarifas entre os blocos, pode ser assinado no próximo sábado (20), em Foz do Iguaçu, caso obtenha luz verde do Conselho Europeu.

Resistência e Salvaguardas

Agricultores europeus, principalmente franceses, veem o acordo como uma ameaça, temendo a concorrência de produtos latino-americanos mais baratos e produzidos sob diferentes normas ambientais. Em resposta a essas preocupações, o Parlamento Europeu aprovou medidas de proteção, incluindo um mecanismo que permite a aplicação de tarifas caso haja desestabilização do mercado comunitário.

Apesar dessas garantias, a França mantém sua oposição e pediu o adiamento da assinatura. A posição final da Itália, que oscilou nos últimos meses, é agora aguardada com expectativa, podendo inclinar a balança a favor ou contra a ratificação.

Se aprovado, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, deve viajar ao Brasil para a ratificação formal, marcando o fim de um processo negociador que se estende por mais de duas décadas.