A taxa média de juros cobrada pelos bancos em operações de crédito livre (que excluem setores como habitacional e rural) subiu para 46,7% ao ano em novembro de 2025, um aumento de 0,6 ponto percentual em relação ao mês anterior. Este é o patamar mais alto desde abril de 2017, quando a taxa estava em 48,3% ao ano, segundo dados divulgados pelo Banco Central.
O cenário de juros elevados ocorre em um contexto em que o Comitê de Política Monetária (Copom) mantém a taxa Selic, a básica da economia, em 15% ao ano, seu maior nível em quase duas décadas, como ferramenta para conter a inflação.
Pessoas Físicas Sentem o Maior Impacto
Enquanto as taxas para empresas recuaram levemente, de 25,1% para 24,5% ao ano, os juros para pessoas físicas seguiram em trajetória de alta. A taxa média subiu de 58,5% para 59,4% ao ano, atingindo o maior valor desde agosto de 2017.
Dentro desse universo, duas linhas de crédito se destacam pelo custo proibitivo:
- Cheque especial: a taxa saltou de 139,1% para 141,7% ao ano.
- Cartão de crédito rotativo: a taxa, já estratosférica, subiu de 439,8% para 440,5% ao ano, consolidando-se como a operação de crédito mais cara do mercado.
Vale ressaltar que, desde janeiro de 2024, o Conselho Monetário Nacional (CMN) limitou o valor total da dívida no rotativo a 100% do valor original, mas essa regra não inclui o custo do IOF e só vale para dívidas contraídas a partir daquela data. Especialistas reforçam que o uso do rotativo deve ser evitado, recomendando o pagamento integral da fatura.
Crédito Cresce, mas Inadimplência e Endividamento Permanecem Altos
O volume total de crédito em mercado cresceu 0,9% em novembro, atingindo R$ 7 trilhões. O crédito para pessoas físicas, que soma R$ 4,4 trilhões, teve alta de 1,2%, com destaque para o cartão de crédito e financiamento de veículos.
No entanto, indicadores de saúde financeira seguem preocupantes:
- Inadimplência: A taxa média total permaneceu em 3,8% em outubro, valor próximo do recorde histórico da série (4%). Para pessoas físicas, a taxa se manteve em 4,7%.
- Endividamento: O comprometimento da renda das famílias com dívidas bancárias atingiu 49,3% em outubro, o maior nível desde novembro de 2022, ainda durante a pandemia de Covid-19.
O aumento contínuo dos juros bancários, em sintonia com a Selic elevada, pressiona ainda mais o orçamento das famílias já endividadas, criando um ciclo desafiador para a economia.
Fonte: Banco Central, via G1