Uma disputa envolvendo descontos de até 20% nos pagamentos de cerca de 50 mil aposentados e pensionistas da Petrobras tornou-se o principal ponto de tensão na greve dos petroleiros, que completa uma semana. O movimento, que já paralisa plataformas, refinarias e outras unidades, pode se prolongar diante da complexidade e do alto custo financeiro para resolver a questão, avaliado em bilhões de reais.

Os sindicatos, reunidos na Federação Única dos Petroleiros (FUP), exigem há anos o fim dos descontos extras, implementados desde 2018 nos Planos de Equacionamento do Déficit (PEDs) da Petros, fundo de pensão da estatal. A greve foi deflagrada, em parte, pelo temor de que o processo eleitoral de 2026 interrompa as negociações em curso há mais de dois anos.

“Quando entrar no período eleitoral, quem está na cadeira não sabe se vai continuar… Tudo fica mais difícil”, afirmou Paulo César Martin, diretor de seguridade da FUP, à Reuters. A principal demanda é que a Petrobras assine um compromisso garantindo que os beneficiários recebam, no mínimo, 95% do valor líquido que tinham antes dos descontos.

Fontes da empresa, sob anonimato, reconhecem a complexidade do caso. “Não é uma solução simples, não é uma solução barata… estamos falando de alguns bilhões de reais”, disse uma delas. A administração da Petrobras busca alternativas em uma comissão multidisciplinar com sindicatos e a Petros, mas ainda não há uma proposta concreta.

Além da questão dos aposentados, a greve também pressiona por melhorias na proposta de acordo coletivo de trabalho. A Petrobras ofereceu um ganho real de 0,5%, enquanto os trabalhadores reivindicam 3%.

A paralisação já atinge todas as plataformas próprias da Petrobras nas bacias de Santos e Campos, refinarias, termelétricas e outras unidades. A empresa afirma que equipes de contingência têm evitado impactos nas operações e no abastecimento.

Fonte: G1