O governo dos Estados Unidos, liderado por Donald Trump, condenou veementemente as sanções impostas pela China a empresas e indivíduos americanos do setor de defesa, em retaliação à venda de armas a Taiwan. O Departamento de Estado norte-americano exortou Pequim a cessar a pressão militar, diplomática e econômica sobre a ilha e a abrir-se ao diálogo.
O Ministério das Relações Exteriores da China anunciou sanções contra 10 indivíduos e 20 empresas de defesa dos EUA, congelando quaisquer ativos que possuam no país e proibindo que entidades e cidadãos chineses realizem transações com eles. A medida é uma resposta direta à aprovação, há uma semana, de uma venda de armamento no valor de 11,1 mil milhões de dólares a Taiwan pelas autoridades norte-americanas.
O pacote de armas, o segundo aprovado durante a atual administração Trump, inclui sistemas de foguetes Himars, obuseiros, mísseis antitanque Javelin, drones de munição vagante Altius e peças para outros equipamentos. O Ministério da Defesa de Taiwan afirmou que o apoio dos EUA visa ajudar a ilha a “manter capacidades suficientes de autodefesa” e a construir um “forte poder de dissuasão”.
Em comunicado, o Ministério da Defesa chinês classificou a venda como um grave erro e instou Washington a “cessar imediatamente a venda de armas a Taiwan”. O texto acusou as “forças separatistas de Taiwan” de usar o “dinheiro suado das pessoas comuns para enriquecer os traficantes de armas dos EUA” e prometeu “tomar medidas enérgicas para salvaguardar a soberania nacional e a integridade territorial”.
A tensão ocorre num contexto de crescente pressão militar chinesa sobre o estreito de Taiwan. No início de dezembro, a China realizou exercícios militares com um número recorde de navios de guerra, manobras que os EUA classificaram como “agressivas”. O Departamento de Estado norte-americano afirmou que estas atividades “apenas servem para exacerbar as tensões” e reafirmou o seu “compromisso duradouro” com a segurança de Taiwan.
Contexto Histórico da Disputa
A disputa entre a China e Taiwan remonta à guerra civil chinesa (1927-1949). Após a vitória comunista e a fundação da República Popular da China em 1949, as forças nacionalistas do Kuomintang (KMT) recuaram para a ilha de Taiwan, estabelecendo um governo rival. Durante décadas, Taiwan foi governada sob lei marcial pelo KMT, transitando para a democracia nos anos 1980.
Hoje, Taiwan funciona como uma entidade autónoma com o seu próprio governo, eleições e forças armadas, mas não é reconhecida como um Estado soberano pela maioria da comunidade internacional, incluindo os EUA, que mantêm relações oficiosas. A posição oficial de Pequim, sustentada pelo “Consenso de 1992”, é a de que existe apenas uma China, da qual Taiwan é uma parte inalienável, e não descarta o uso da força para garantir a reunificação.
Fonte: G1