Silvinei Vasques, ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF), foi preso na madrugada desta sexta-feira (26) no Aeroporto Internacional Silvio Pettirossi, em Assunção, no Paraguai. A prisão ocorreu quando ele tentava embarcar para El Salvador, utilizando um passaporte paraguaio original que não correspondia à sua identidade.
A detenção segue a condenação de Vasques pelo Supremo Tribunal Federal (STF), no último dia 16 de dezembro, a uma pena de 24 anos e 6 meses de prisão, em regime inicial fechado. O ex-diretor foi considerado culpado por cinco crimes relacionados à tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022: golpe de Estado, abolição do Estado Democrático de Direito, dano qualificado, deterioração de patrimônio tombado e organização criminosa.
De acordo com o voto do ministro relator Alexandre de Moraes, Silvinei Vasques atuou para monitorar autoridades e impedir a votação de eleitores, especialmente no Nordeste, por meio de operações da PRF durante o segundo turno das eleições.
Antes da prisão no Paraguai, Vasques havia rompido a tornozeleira eletrônica que usava em Santa Catarina e deixado o Brasil sem autorização judicial. O rompimento do dispositivo acionou alertas nas fronteiras e levou à cooperação das autoridades brasileiras com a polícia paraguaia.
Após a abordagem no aeroporto, Silvinei Vasques foi identificado, colocado à disposição do Ministério Público do Paraguai e deve passar por audiência de custódia. Posteriormente, ele será entregue às autoridades brasileiras.
Outros condenados no processo
O julgamento no STF, conhecido como “núcleo 2” da organização criminosa, condenou outros envolvidos:
- Marcelo Câmara, coronel da reserva: 21 anos de prisão.
- Filipe Martins, ex-assessor de Bolsonaro: 21 anos de prisão.
- General Mario Fernandes, da reserva: 26 anos e 6 meses de prisão.
- Marília Alencar, ex-diretora de Inteligência do MJ: 8 anos e 6 meses de prisão.
Os condenados também terão de pagar, de forma solidária, uma indenização por danos coletivos de R$ 30 milhões, além de sofrer inelegibilidade, perda de cargos públicos (quando for o caso) e suspensão de direitos políticos.
Antecedentes e condenação por improbidade
Antes da ação penal no STF, Silvinei Vasques já havia sido condenado pela Justiça Federal do Rio de Janeiro por uso político da estrutura da PRF durante a campanha eleitoral de 2022. A decisão, em ação de improbidade movida pelo MPF, resultou em multa superior a R$ 500 mil.
Vasques chegou a ser preso em 2023, mas foi solto com medidas cautelares. No mesmo dia da condenação pelo STF, em dezembro de 2025, ele pediu exoneração do cargo de secretário de Desenvolvimento Econômico e Inovação de São José (SC).
Fonte: G1