As forças dos Estados Unidos apreenderam, neste sábado (20), um segundo petroleiro em águas internacionais próximas à Venezuela. A ação marca uma intensificação da pressão do governo Trump sobre o regime de Nicolás Maduro e ocorre apenas dez dias após a primeira interceptação do tipo.
A operação, inicialmente reportada pelas agências de notícias Associated Press e Reuters, foi confirmada pelo Departamento de Segurança Interna dos EUA. A secretária da pasta, Kristi Noem, afirmou nas redes sociais que o navio estava anteriormente atracado em um porto venezuelano e foi interceptado pela Guarda Costeira norte-americana antes do amanhecer, com apoio do Pentágono.
“Os Estados Unidos continuarão a combater a movimentação ilícita de petróleo sob sanções, usada para financiar o narcoterrorismo na região”, declarou Noem. Segundo o The New York Times, o petroleiro apreendido tem bandeira panamenha. Fontes anônimas descreveram a abordagem como um “embarque consentido”, no qual a embarcação parou voluntariamente.
Contexto e Interesse Estratégico
A Venezuela detém as maiores reservas comprovadas de petróleo do mundo, aproximadamente 303 bilhões de barris, de acordo com a Agência de Informação de Energia dos EUA (EIA). No entanto, grande parte deste óleo é extra-pesado, exigindo tecnologia avançada para refino. A EIA destaca que este petróleo é “bem adequado às refinarias norte-americanas, especialmente às localizadas ao longo da Costa do Golfo”.
As apreensões servem a um duplo objetivo da administração Trump: pressionar a principal fonte de receita do governo Maduro e, simultaneamente, buscar vantagens para a economia e o abastecimento energético dos EUA. Desde a primeira interceptação, as exportações de petróleo venezuelano caíram drasticamente, e reportagens indicam que o país já enfrenta problemas de capacidade de armazenamento.
Impactos no Mercado e Reações
Após a imposição de sanções ao setor energético da Venezuela em 2019, compradores passaram a recorrer a uma “frota fantasma” de navios para contornar as restrições. A China é o maior cliente do petróleo bruto venezuelano, responsável por cerca de 4% de suas importações. Analistas consultados pela Reuters projetavam que os embarques para dezembro atingiriam mais de 600 mil barris por dia.
O presidente Trump, após a primeira apreensão, prometeu um bloqueio à Venezuela. Nicolás Maduro classificou o ato inicial como uma “interferência brutal”. Enquanto isso, a chefe de gabinete da Casa Branca, Susie Wiles, declarou em entrevista que Trump “quer continuar explodindo barcos até Maduro gritar ‘tio'”.
Estas interceptações ocorrem no contexto de uma ofensiva mais ampla ordenada por Trump contra embarcações suspeitas de tráfico de drogas no Caribe e no Pacífico, que já resultou em pelo menos 104 mortes.
Fonte: G1 Mundo