Diretores do Banco Central (BC) estão se preparando para uma ofensiva jurídica do Banco Master contra o processo de liquidação determinado pela autoridade monetária em novembro. A expectativa é que o caso envolva depoimentos à Polícia Federal, após o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Dias Toffoli autorizar a retomada das investigações na última segunda-feira.
Conforme apurado, servidores do BC avaliam que a contestação da instituição financeira não é um fato isolado. Eles citam o exemplo da liquidação do Banco Ipiranga, em 1978, cuja disputa judicial com os ex-controladores contra o BC perdura até os dias atuais.
No caso do Master, diretores do BC antecipam que a defesa do banco pode usar como argumento uma reunião ocorrida dois dias antes da liquidação. Na ocasião, Daniel Vorcaro, então presidente do Master, encontrou-se com Ailton Aquino, diretor de Fiscalização do BC, para apresentar uma proposta de solução envolvendo a Fictor e um fundo árabe. Segundo fontes, não era a primeira vez que Vorcaro mencionava recursos dos Emirados Árabes, mas a proposta não trouxe elementos concretos para alterar a decisão do BC.
Paralelamente, o Tribunal de Contas da União (TCU) solicitou explicações formais ao Banco Central. Por meio de despacho, o ministro Jhonatan de Jesus deu um prazo de 72 horas para que o BC detalhe as bases da decisão unânime de liquidar o Banco Master, informe se houve divergências internas e apresente um cronograma das medidas adotadas. O pedido atende a questionamentos do Ministério Público e da liderança da Minoria na Câmara dos Deputados. O ministro também determinou que os bens do Master permaneçam sob custódia do BC durante o processo.
O BC já indicou um liquidante, que terá seis meses para revisar o balanço patrimonial do Banco Master.