O Brasil está projetado para se tornar o maior produtor mundial de carne bovina em 2025, ultrapassando os Estados Unidos, de acordo com o mais recente relatório do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA).
As estimativas do USDA, divulgadas na terça-feira (9), indicam que o Brasil produzirá 12,35 milhões de toneladas de carne bovina (peso carcaça) este ano, superando os 11,81 milhões de toneladas projetados para os EUA. Esta é a primeira vez, desde o início das estatísticas do departamento na década de 1960, que o Brasil assume a liderança, posição historicamente ocupada pelos norte-americanos.
A projeção do USDA para o Brasil é superior à estimativa mais recente do governo brasileiro, que, através da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), previa uma produção de 11,38 milhões de toneladas para 2025.
O relatório também traz projeções para 2026, apontando uma possível equalização entre os dois países, com o Brasil produzindo 11,7 milhões de toneladas e os EUA 11,71 milhões.
Contexto nos Estados Unidos: Rebanho em Baixa Histórica
A perda da liderança pelos EUA ocorre num contexto de desafios internos. O país enfrenta o menor rebanho bovino em quase 75 anos, resultado de uma seca prolongada que elevou os custos de alimentação e reduziu as pastagens. Esta escassez tem pressionado os preços da carne no mercado interno.
A situação foi agravada pela suspensão, desde maio, da maioria das importações de gado do México, devido a preocupações sanitárias com a bicheira-do-Novo-Mundo. A baixa oferta forçou os frigoríficos a pagarem mais pelo gado, refletindo no preço final ao consumidor.
Recentemente, grandes empresas do setor anunciaram fechamentos. A JBS informou o encerramento permanente de uma unidade na região de Los Angeles, e a Tyson Foods anunciou o fechamento de uma importante planta de abate no Nebraska em janeiro.
Comércio Exterior e Tarifas
O ano foi marcado pelas tensões comerciais do “tarifaço” imposto pelo governo Trump, que inicialmente incluiu uma sobretaxa de 50% sobre a carne bovina brasileira importada pelos EUA. Embora o Brasil seja um grande fornecedor para a indústria americana, essas vendas caíram após a medida.
No entanto, as exportações brasileiras de carne bovina se recuperaram e se diversificaram. Em setembro, o país bateu um recorde mensal de vendas internacionais, superando a marca de julho, com aumento nos embarques para destinos como México e Argentina. A sobretaxa para a carne brasileira foi suspensa em novembro.
Pressão interna nos EUA levou o ex-presidente Trump a considerar permitir maior entrada de carne argentina para conter os preços, uma ideia que desagradou pecuaristas norte-americanos.