A Latam lançou um processo seletivo para contratação de pilotos e copilotos que chamou a atenção do setor aéreo. O edital, que visa formar tripulações para a futura frota de Embraer 195-E2, prevê um bônus único de entrada: R$ 160 mil para comandantes e R$ 80 mil para copilotos aprovados.
A iniciativa ocorre em um contexto global de escassez de pilotos experientes, agravada por aposentadorias em massa e interrupções na formação durante a pandemia. A contratação era previsível, já que a Latam tem um pedido firme de 24 aeronaves E195-E2, com opção para mais 50, e as primeiras entregas estão previstas para o segundo semestre de 2026.
Nos bastidores, especula-se que a Latam buscará profissionais no mercado externo, com a Azul sendo apontada como uma possível fonte, já que opera aeronaves Embraer. A companhia não pretende transferir pilotos de sua frota atual para o modelo menor E2, movimento considerado um rebaixamento de categoria. A exceção seria para copilotos internos que recusassem uma promoção.
O processo seletivo está aberto até 4 de janeiro de 2026, com admissões a partir de fevereiro. Os requisitos são rigorosos: para comandantes, exige-se 5 mil horas de voo em linhas aéreas (sendo 3 mil em jatos) e 500 horas como piloto em comando em aeronaves similares ou maiores. Para copilotos, são necessárias 500 horas totais, licença comercial e habilitações específicas.
A incorporação do E195-E2 faz parte de um plano de expansão da Latam na América do Sul, com o objetivo de ampliar a malha aérea, incluir novos destinos e fortalecer conexões regionais. A aeronave promete eficiência, com redução de até 30% no consumo de combustível em relação à geração anterior.
O anúncio reflete uma tendência global. Piloto de avião foi a profissão mais buscada no mundo em 2024, segundo a plataforma Resume.io. No entanto, os altos custos de formação – que podem chegar a centenas de milhares de reais – criam um descompasso entre o interesse e o acesso à carreira, ajudando a explicar a escassez.
Para atrair profissionais, companhias aéreas mundo afora têm oferecido salários mais altos, bônus e benefícios. Especialistas alertam que essa disputa pode pressionar custos operacionais e, consequentemente, o preço das passagens. Enquanto isso, debates sobre elevar a idade de aposentadoria de pilotos e a necessidade de milhares de novas contratações nos próximos anos dominam o cenário, que pode levar uma década para se reequilibrar.