O ex-presidente Jair Bolsonaro foi submetido a um procedimento de bloqueio do nervo frênico no sábado (27 de dezembro de 2025). Segundo informações divulgadas pela ex-primeira-dama, Michelle Bolsonaro, a cirurgia foi necessária para tratar uma crise persistente de soluços que não respondeu a tratamentos convencionais.
O bloqueio do nervo frênico é uma intervenção que reduz temporariamente a atividade do nervo responsável pelo controle do diafragma, músculo essencial para a respiração. O objetivo é interromper episódios de soluços intratáveis que causam impacto clínico significativo, como fadiga, desidratação ou dificuldade para se alimentar.
De acordo com a assessoria, o procedimento foi realizado no lado direito do corpo e uma nova intervenção no lado esquerdo estava programada para a segunda-feira subsequente. A decisão pela cirurgia foi tomada após uma avaliação médica que considerou a medida tecnicamente adequada para o quadro apresentado pelo ex-presidente.
Entendendo o Procedimento
O bloqueio é feito com anestesia local, normalmente guiado por ultrassom, e consiste na aplicação de um medicamento próximo ao nervo frênico. A técnica é indicada apenas quando outras opções terapêuticas falham, pois os soluços persistentes podem ser debilitantes.
Segundo o cirurgião do aparelho digestivo Pedro Bertevello, da Beneficência Portuguesa, não há relação direta entre a hérnia inguinal bilateral – operada no ex-presidente dois dias antes – e o surgimento do soluço. O especialista explica que o soluço geralmente está associado a problemas como refluxo gastroesofágico ou à presença de uma hérnia de hiato, condição em que parte do estômago se desloca para o tórax, podendo irritar estruturas próximas ao diafragma.
Contexto das Cirurgias Recentes
O bloqueio do nervo frênico ocorreu poucos dias após Bolsonaro ser submetido à correção de uma hérnia inguinal bilateral, na quinta-feira (25). Essa cirurgia anterior havia sido autorizada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, após avaliação de peritos da Polícia Federal, que atestaram a necessidade do procedimento para evitar agravamento do quadro.
A hérnia inguinal, popularmente conhecida como hérnia na virilha, ocorre quando tecidos internos do abdômen se projetam por um ponto enfraquecido da parede abdominal. Quando isso acontece dos dois lados, configura-se a hérnia bilateral. A condição pode causar dor e desconforto, especialmente durante esforços.
Conforme explicado pelo Dr. Bertevello, cirurgias abdominais prévias – como as já realizadas por Bolsonaro – podem criar aderências internas e fragilizar a parede abdominal, aumentando o risco de formação de hérnias ao longo do tempo. Esse histórico cirúrgico também pode influenciar o funcionamento geral do sistema digestivo.
Fonte: G1