O Banco Central (BC) revisou suas projeções para a economia brasileira, apontando para uma desaceleração significativa no ano eleitoral de 2026. Em seu Relatório de Política Monetária do quarto trimestre, divulgado nesta quinta-feira (18), a autoridade monetária elevou a estimativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) para 2026 de 1,5% para 1,6%.

Contudo, se confirmado, este será o pior desempenho anual desde 2020, quando a economia encolheu 3,3% devido à pandemia de Covid-19. Para 2025, o BC elevou sua projeção de 2% para 2,3%, após um crescimento de 3,4% registrado em 2024.

Juros altos e economia em desaceleração

A projeção de crescimento modesto para 2026 ocorre em um cenário de juros elevados. A taxa Selic, atualmente em 15% ao ano – o maior patamar em quase duas décadas –, deve se manter em nível restritivo por um período prolongado para conter pressões inflacionárias. A expectativa do mercado é de que o ciclo de cortes só tenha início em março de 2026.

O BC justifica a desaceleração projetada pela combinação de fatores como a política monetária restritiva, a baixa ociosidade da capacidade produtiva, a perspectiva de desaceleração global e a ausência do impulso do setor agropecuário previsto para 2025. A instituição também incorpora em seus cálculos os efeitos de medidas recentes, como descontos no Imposto de Renda para as faixas de renda mais baixas.

Desafios fiscais em ano eleitoral

A economia mais fraca pode criar sérios desafios para as contas públicas em 2026. Uma expansão do PIB de apenas 1,6% – abaixo dos 2,44% estimados pelo governo em sua proposta orçamentária – resultaria em menor arrecadação de impostos. Isso dificultaria o cumprimento da meta fiscal de superávit e poderia forçar o governo a realizar bloqueios maiores de despesas em pleno ano eleitoral.

Projeções de inflação

Paralelamente, o BC revisou para baixo suas estimativas de inflação. Para 2025, a projeção do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) caiu de 4,8% para 4,4%. Com isso, a autoridade passou a estimar que a inflação voltará a ficar dentro da banda meta (entre 1,5% e 4,5%) ainda neste ano, após seis meses consecutivos acima do teto até junho.

Para 2026, a projeção recuou de 3,6% para 3,5%, permanecendo acima do centro da meta, fixado em 3%. Para 2027, a estimativa foi reduzida de 3,2% para 3,1%.

O relatório detalha que pressões nos preços de alimentos in natura, reajustes anuais de mensalidades escolares e aumentos tarifários em serviços públicos devem influenciar a inflação no curto prazo, enquanto a redução da bandeira tarifária de energia e a valorização do câmbio atuam no sentido contrário.