Enquanto a França mantém sua oposição, Alemanha e Espanha lideram a pressão dentro da União Europeia para que o bloco avance com a ratificação do acordo de livre comércio com o Mercosul. O tratado, negociado por cerca de 25 anos, encontra-se em uma semana decisiva para sua aprovação final.
O chanceler alemão, Friedrich Merz, e o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, defenderam publicamente a ratificação durante a cúpula da UE em Bruxelas. Para os defensores do pacto, ele é estratégico num cenário de tensões comerciais globais, podendo ajudar a compensar os efeitos de tarifas impostas pelos EUA e a reduzir a dependência europeia da China.
“Este acordo é o primeiro de muitos que precisam acontecer para que a Europa ganhe peso geoeconômico e geopolítico”, afirmou Sánchez. Merz, por sua vez, alertou que a credibilidade da política comercial europeia está em jogo e que “decisões precisam ser tomadas agora”.
Em contraponto, o presidente francês, Emmanuel Macron, reafirmou a oposição do país, declarando que o acordo “não pode ser assinado” sem novas salvaguardas para os agricultores franceses, que temem a concorrência de produtos latino-americanos mais baratos.
O processo agora depende do Conselho Europeu, onde é necessária uma maioria qualificada (apoio de 15 dos 27 países, representando 65% da população). A Itália surge como o fiel da balança. Uma eventual rejeição italiana, somada à oposição da França e da Polónia, poderia barrar o acordo ao concentrar mais de 35% da população do bloco.
Especialistas destacam que, apesar do foco público no agronegócio, o tratado é amplo, abrangendo indústria, serviços, investimentos e propriedade intelectual. Países como Alemanha, Espanha e Portugal apoiam a ratificação, vendo no acordo ganhos económicos e uma forma de diversificar as relações comerciais da UE.