As ações da Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) na bolsa de valores brasileira registraram uma valorização superior a 100% em 2025. O forte movimento ocorre em meio ao avanço das discussões sobre a privatização da estatal mineira. Na quarta-feira (17), a Assembleia Legislativa do estado aprovou o Projeto de Lei que autoriza a desestatização da empresa.
Em 2 de janeiro, a Copasa (CSMG3) fechou o pregão cotada a R$ 20,53. Nesta quinta-feira (18), a companhia encerrou o dia a R$ 42,91. No acumulado do ano, a variação positiva no preço dos papéis foi de 109%.
A estatal registrou lucro líquido de R$ 1,3 bilhão em 2024 e de R$ 1,07 bilhão até o terceiro trimestre de 2025.
Projeto para privatização
O governador Romeu Zema (Novo) defende que a privatização é necessária para a modernização da Copasa, a atração de investimentos e o pagamento da dívida do estado com a União, estimada em R$ 180 bilhões.
Com a aprovação do PL pelos deputados mineiros, a ideia é que a empresa seja transformada em uma “corporation” e passe a ter um único “dono”, através das seguintes modalidades:
- Alienação total ou parcial de participação societária: venda das ações do estado para um comprador privado, geralmente por meio de leilão, resultando em perda ou transferência do controle acionário.
- Aumento de capital: emissão de novas ações no mercado para investidores privados, de forma que a participação do estado “encolha” e perca o controle.
Dessa forma, Minas Gerais, que hoje detém 50,03% das ações, deixaria de controlar a companhia. O estado manteria uma ação preferencial de classe especial, conhecida como “golden share”, com direito a veto em decisões sobre alteração de denominação, sede da companhia e limites ao exercício do direito de voto.
O governo, no entanto, ainda não informou de que forma a desestatização será colocada em prática. A proposta aprovada pela Assembleia Legislativa também precisa ser sancionada pelo governador para entrar em vigor.
Raio-x da empresa
A Copasa está presente em 637 dos 853 municípios mineiros, o que corresponde a 75% do total com abastecimento de água. O número inclui cidades atendidas pela Copanor, subsidiária da companhia responsável pelos serviços de saneamento nas regiões Norte e Nordeste de MG. Do total de municípios, 308 contam também com serviços de esgoto.
A estatal registrou lucro líquido de R$ 1,3 bilhão em 2024 e, de janeiro a setembro deste ano, de mais de R$ 1,07 bilhão. Atualmente, a empresa tem 9.456 empregados ativos, e a Copanor, 472.
A cobertura de fornecimento de água na área de operação da Copasa fica acima de 99%, meta definida pelo Novo Marco do Saneamento para 2033. Já em relação ao tratamento de esgoto, a cobertura atual é de 78,4% — a meta estabelecida pela legislação até 2033 é de 90%. A companhia diz que, para garantir esse avanço, é preciso investir R$ 16,9 bilhões em obras até 2029.
Balanço do terceiro trimestre
Em novembro, a estatal anunciou os resultados financeiros do terceiro trimestre. Veja os principais dados:
- Receita líquida: totalizou R$ 1,84 bilhão — 3,4% superior ao registrado no mesmo período de 2024 (R$ 1,78 bilhão).
- Custos e despesas (sem depreciações): totalizaram R$ 1,06 bilhão, contra R$ 1 bilhão no terceiro trimestre de 2024, uma elevação de 4,6%.
- EBITDA: foi de R$ 726,9 milhões, em linha com o observado no mesmo período de 2024 (R$ 725,7 milhões). A Margem EBITDA foi de 39,3%, menor que os 40,5% do ano passado.
- Lucro líquido: no terceiro trimestre deste ano foi de R$ 360,8 milhões, 2,0% inferior ao do 3T24 (R$ 368,3 milhões).
- Investimentos consolidados (jan-set/2025): somaram R$ 2 bilhões — montante 26% superior a igual período de 2024.
- Economias (unidades consumidoras) em set/2025: água atingiu 5,76 milhões; esgoto atingiu 4,24 milhões.
- Índice de perdas na distribuição (set/2025): foi de 37,3% (contra 38,4% em setembro de 2024).