A polícia paraguaia confirmou que a tornozeleira eletrônica usada pelo ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Silvinei Vasques, foi localizada na madrugada desta segunda-feira (29). O dispositivo foi encontrado na rodoviária de Cidade do Leste, cidade paraguaia na fronteira com o Brasil, após uma ação conjunta com autoridades brasileiras.

Policiais da 3ª Delegacia do bairro Obrero, em Cidade do Leste, foram os responsáveis pela descoberta. O caso foi imediatamente comunicado ao Comando Tripartite para investigação.

Segundo as autoridades paraguaias, a tornozeleira, homologada pela Anatel e registrada em nome de uma empresa brasileira de tecnologia, foi encaminhada para o Brasil para os devidos procedimentos legais. Até o momento da apuração, a Polícia Federal ainda não havia recebido o equipamento para perícia.

Silvinei Vasques foi preso no Aeroporto Internacional Silvio Pettirossi, em Assunção, no dia 25 de dezembro, e expulso do Paraguai por entrar no país sem declarar sua entrada e por ter um mandado de prisão em aberto no Brasil.

O ex-diretor da PRF foi condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a mais de 24 anos de prisão por participação na tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. A decisão judicial apontou que ele atuou para monitorar autoridades e dificultar a votação de eleitores, especialmente na região Nordeste.

Em sua tentativa de fuga, Vasques rompeu a tornozeleira eletrônica e foi detido no Paraguai ao tentar embarcar para El Salvador portando documentos falsos. Ele utilizou a identidade de Julio Eduardo e apresentou à polícia paraguaia uma declaração falsa alegando ter câncer na cabeça e não poder falar.

O ministro do STF, Alexandre de Moraes, decretou sua prisão preventiva. O diretor de Migrações do Paraguai, Jorge Kronawetter, confirmou que a identidade falsa foi descoberta após comparação de fotos, numeração e impressões digitais. Durante a abordagem, Vasques confessou que os documentos não eram seus.

Fuga iniciada na véspera de Natal

De acordo com informações da Polícia Federal enviadas ao ministro Alexandre de Moraes, Silvinei Vasques deixou sua residência em São José (SC) na noite de quarta-feira (24), véspera de Natal, antes que a tornozeleira parasse de funcionar.

As últimas imagens do condomínio mostram que ele saiu por volta das 19h22, após carregar um veículo alugado com sacolas, rações e tapetes higiênicos para animais. Ele embarcou com um cachorro da raça pitbull e, a partir desse momento, não foi mais visto.

As buscas policiais começaram somente no dia seguinte, após os primeiros alertas de violação da tornozeleira. Uma equipe da Polícia Penal de Santa Catarina esteve no local por volta das 20h10, mas não encontrou ninguém. Os policiais federais foram acionados às 23h do dia de Natal e também não localizaram o ex-PRF.

Em sua decisão, o ministro Alexandre de Moraes considerou que as informações demonstram a tentativa de fuga de Vasques para burlar ordens judiciais, determinando sua prisão preventiva.

Antecedentes e condenações

Além da condenação por tentativa de golpe, Silvinei Vasques já havia sido condenado pela Justiça Federal do Rio de Janeiro por uso político da estrutura da PRF durante a campanha eleitoral de 2022. A decisão reconheceu que ele utilizou símbolos e recursos da corporação para promover a candidatura de Jair Bolsonaro, resultando em multa superior a R$ 500 mil.

Vasques chegou a ser preso em 2023, mas foi solto posteriormente com medidas cautelares, incluindo o uso da tornozeleira eletrônica que agora foi encontrada no Paraguai.

Fonte: G1 Paraná