No interior de São Paulo, uma prática artística está a transformar pés de café com mais de 20 anos em verdadeiras esculturas vivas. Através da técnica milenar do bonsai, estas árvores ganham uma “segunda vida” em vasos, unindo tradição, paciência e um mercado em crescimento.
O processo chave é conhecido como yamadori, que consiste na colheita cuidadosa de árvores adultas da natureza para serem miniaturizadas. Cultivadores especializados selecionam plantas saudáveis, com sistema radicular superficial e troncos com potencial para escultura. Após a extração, a árvore é aclimatada num vaso provisório durante aproximadamente um ano, um período crucial para a sua recuperação e adaptação.
A criação de um bonsai é uma arte de detalhes. A escolha do vaso definitivo é fundamental, tanto para a saúde da planta como para a composição estética final. A poda, realizada com ferramentas específicas como tesouras e alicates, deve ser meticulosa, sempre respeitando a forma natural e a harmonia da árvore. Cada corte é uma decisão que ajuda a “esculpir o tempo”.
Para além do seu valor artístico, o cultivo de bonsais representa uma oportunidade de negócio. Enquanto exemplares mais simples são acessíveis, peças com grande apelo artístico e histórias únicas podem atingir valores significativos. Este nicho movimenta também a produção de mudas, cursos de formação e serviços de consultoria especializada.
Assim, o bonsai de café vai além da jardinagem: é uma expressão cultural que preserva a memória das lavouras paulistas, transformando a robustez do cafezal numa arte de precisão e contemplação.
Fonte: G1 – Nosso Campo