O Banco Central (BC) apresentou um recurso ao Supremo Tribunal Federal (STF) questionando a urgência e a oportunidade de uma acareação marcada para ocorrer durante o recesso judicial. O evento, convocado pelo ministro Dias Toffoli, envolveria Daniel Vorcaro, dono do extinto Banco Master, e Ailton de Aquino Santos, diretor do BC, podendo também contar com a presença do ex-presidente do BRB, Paulo Henrique Costa.

No recurso, protocolado na sexta-feira (26), a autarquia argumenta que a acareação não faria sentido neste momento, uma vez que as investigações sobre o caso que levou à liquidação do Banco Master mal começaram e nenhum dos envolvidos prestou depoimento formal. A instituição solicitou esclarecimentos prévios ao ministro Toffoli sobre os motivos que justificariam a realização do ato de forma tão célere, em pleno período de recesso do Judiciário.

Especialistas em direito manifestaram estranheza com a decisão, levantando a hipótese de que o ministro poderia estar buscando esclarecer eventuais divergências entre versões já ventiladas na imprensa – uma prática considerada atípica no curso normal de um processo.

O recurso, tecnicamente denominado embargo de declaração, formula quatro questionamentos centrais ao STF:

  1. Quais são os pontos controversos que o ministro pretende esclarecer durante a acareação?
  2. Em que condição o diretor Ailton de Aquino Santos está sendo intimado: como acusado, testemunha, representante legal do BC ou em caráter pessoal?
  3. Caso intimado como testemunha institucional, ele poderia ser acompanhado por um colega da área técnica para auxiliar no relato das decisões que culminaram na liquidação do Master?
  4. Por que a acareação seria tão urgente a ponto de ser agendada para o recesso judicial, antes mesmo da oitiva dos três convocados?

O Banco Master foi liquidado após a descoberta de um esquema de fraudes que atingiu cerca de R$ 12 bilhões e devido à incapacidade da instituição de honrar seus compromissos financeiros com os clientes.

O caso é cercado de polêmicas. Anteriormente, veio a público que o ministro Dias Toffoli, relator do processo no STF, viajou em um jatinho na companhia de um advogado de diretor do Banco Master para assistir à final da Copa Libertadores. Outra revelação foi a existência de um contrato mensal de R$ 3,6 milhões entre o escritório da esposa do ministro Alexandre de Moraes e o Banco Master.

Posteriormente, a colunista Malu Gaspar divulgou que o ministro Moraes teria conversado com o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, sobre o caso Master. Em nota divulgada em 23 de dezembro, Moraes confirmou o encontro com Galípolo, mas afirmou que o assunto tratado foram as implicações da aplicação da Lei Magnitsky pelos Estados Unidos contra ele e sua esposa, sem mencionar o Banco Master.

Fonte: G1 – Valdo Cruz