O ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Silvinei Vasques, foi preso no Paraguai ao tentar embarcar para El Salvador com documentos falsos. Durante a fuga, ele levou consigo um cachorro da raça pitbull, sacos de ração e tapetes higiênicos para animais. A Polícia Federal informou que o cão ficou aos cuidados de amigos do ex-diretor.

Vasques passou a noite de sexta-feira (26) na sede da PF em Foz do Iguaçu (PR), após ser preso, expulso do Paraguai e entregue às autoridades brasileiras na fronteira. Sua transferência para Brasília está prevista para este sábado (27).

O ex-diretor foi condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a mais de 24 anos de prisão por participação na tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. A decisão judicial aponta que ele atuou para monitorar autoridades e dificultar a votação de eleitores, especialmente no Nordeste.

A prisão no Paraguai

A prisão ocorreu no Aeroporto Internacional Silvio Pettirossi, em Assunção. Vasques foi detido ao tentar embarcar para El Salvador utilizando uma identidade falsa no nome de "Julio Eduardo". Ele chegou a apresentar uma declaração falsa à polícia paraguaia alegando ter câncer na cabeça e não poder falar.

O diretor de Migrações do Paraguai, Jorge Kronawetter, explicou que a confirmação da falsidade dos documentos se deu através da comparação de fotos, numeração e impressões digitais. Durante a abordagem, Vasques confessou que os documentos não eram seus.

Kronawetter afirmou que a expulsão se deu por dois motivos: ingresso irregular no país e uso de identidade falsa. O Ministério Público paraguaio investigará se os documentos usados foram extraviados ou roubados. A ausência de um mandado de prisão contra ele no Paraguai ou ordem de captura da Interpol também foi um fator para o retorno ao Brasil.

Os detalhes da fuga

A fuga começou na véspera de Natal. De acordo com a Polícia Federal, Vasques deixou seu condomínio em São José (SC) por volta das 19h22 da quarta-feira (24), minutos após carregar um veículo alugado com sacolas, rações e os tapetes higiênicos, embarcando com o pitbull. A tornozeleira eletrônica que ele usava parou de funcionar posteriormente.

Equipes da Polícia Penal de Santa Catarina e, mais tarde, da Polícia Federal foram ao local na noite de 24 e na madrugada de 25 de dezembro, mas não o encontraram. O relatório da PF enviado ao STF afirma que não foi possível precisar os motivos da violação da tornozeleira nem localizar o equipamento.

Prisão preventiva decretada

Com base nas informações da PF, o ministro do STF Alexandre de Moraes decretou a prisão preventiva de Silvinei Vasques na sexta-feira (26). Em sua decisão, Moraes avaliou que as evidências — como a ausência do réu de sua residência em violação à medida cautelar, o uso de veículo alugado e o carregamento de seus pertences e do animal — demonstram uma tentativa clara de fuga para driblar ordens judiciais.

Antecedentes e condenações

Além da condenação por tentativa de golpe, Vasques já havia sido condenado pela Justiça Federal do Rio de Janeiro por uso político da estrutura da PRF durante a campanha eleitoral de 2022, em ação do Ministério Público Federal. A decisão resultou em multa superior a R$ 500 mil. Ele chegou a ser preso em 2023, mas foi solto posteriormente com medidas cautelares, incluindo a tornozeleira eletrônica.

Fonte: G1 Paraná