A cirurgia para correção de uma hérnia inguinal no ex-presidente Jair Bolsonaro foi concluída com sucesso nesta quinta-feira (25), conforme anunciado por sua companheira, Michelle Bolsonaro. O procedimento, que durou cerca de 3 horas e 30 minutos, não registrou intercorrências, e Bolsonaro já se encontra em seu quarto para a recuperação pós-operatória.

“Cirurgia finalizada com sucesso. Sem intercorrências. Agora é aguardar o retorno da anestesia”, escreveu Michelle em suas redes sociais. A operação foi autorizada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes na terça-feira (23), após pedido da defesa do ex-presidente, que cumpre pena de 27 anos e 3 meses em regime fechado por tentativa de golpe.

Bolsonaro foi transferido da Superintendência da Polícia Federal em Brasília para o Hospital DF Star na terça-feira, após perícia médica constatar a necessidade da intervenção cirúrgica.

Estado de saúde e cuidados pós-operatórios

De acordo com boletim médico divulgado pela equipe responsável, o ex-presidente está sob cuidados pós-operatórios, que incluem analgesia, fisioterapia motora e prevenção de trombose venosa. O comunicado também menciona que os médicos estão otimizando o tratamento clínico para os soluços persistentes que afetam Bolsonaro, avaliando a necessidade de um procedimento intervencionista nos próximos dias.

Os peritos médicos analisaram o quadro de soluços do ex-presidente e consideraram que o bloqueio do nervo frênico é uma medida tecnicamente adequada e deve ser realizada o quanto antes. Este procedimento, feito com anestesia local e geralmente guiado por ultrassom, reduz temporariamente a atividade do nervo que controla o diafragma, ajudando a interromper soluços persistentes que não respondem a tratamentos comuns.

Entendendo a hérnia inguinal

A hérnia inguinal, também conhecida como hérnia na virilha, ocorre quando tecidos internos do abdômen atravessam um ponto fraco na parede muscular abdominal, formando uma protuberância na região. Quando ocorre dos dois lados, é classificada como bilateral. Os sintomas podem incluir inchaço, dor ou desconforto, especialmente ao realizar esforços, tossir ou ficar muito tempo em pé, embora em alguns casos seja assintomática.

O cirurgião cardiovascular Ricardo Katayose, em explicação ao portal G1, detalhou que a parede abdominal é formada por várias camadas (pele, gordura, musculatura e uma membrana rígida chamada aponeurose) que protegem as vísceras. O rompimento dessas camadas, seja por cirurgias anteriores ou traumas, pode levar à formação de aderências – cicatrizes internas que podem fazer com que partes do intestino se colem umas às outras ou à parede abdominal.

Essas aderências podem enfraquecer a aponeurose e, com o tempo, criar uma brecha por onde o intestino pode se projetar para fora. Em casos como o de Bolsonaro, que já passou por várias intervenções abdominais, a região se torna mais rígida e irregular, o que pode prejudicar o trânsito intestinal e contribuir para sintomas como os soluços persistentes, já que o sistema digestivo funciona como um tubo contínuo e problemas em uma área podem gerar reflexos em outra, como no diafragma.

Fonte: G1