O alto custo para o consumidor final é o principal fator que tem adiado a introdução de veículos eletrificados da Volkswagen no mercado brasileiro. A afirmação é de Ciro Possobom, presidente da marca no Brasil, em entrevista exclusiva ao g1.

Possobom usou o SUV Tera, modelo de sucesso da marca com preço médio de R$ 120 mil, para ilustrar o desafio. “Se eu começar a eletrificar ele, quanto fica a mais? Um híbrido leve vai custar R$ 10 mil a mais, se eu colocar um híbrido, vai para R$ 30 mil ou R$ 40 mil a mais”, explicou o executivo.

O receio, segundo ele, é “desposicionar” o produto e afastar o consumidor brasileiro. “Um cliente de R$ 120 mil não é o mesmo de R$ 160 mil. Então eu tenho que ter muito cuidado quando você adota algumas tecnologias, para talvez não desposicionar e o brasileiro não conseguir pagar.”

Concorrência avança, Volkswagen fica para trás

Enquanto a Volkswagen ainda não oferece um modelo eletrificado para venda direta no Brasil — apenas os 100% elétricos ID.4 e ID.Buzz estão disponíveis por assinatura —, a concorrência avança. Montadoras como Fiat, Toyota, Ford e Honda já possuem modelos com diferentes níveis de hibridização no mercado nacional. A Toyota, por exemplo, comercializa o Corolla híbrido flex desde 2019.

A pressão aumenta com a forte entrada das marcas chinesas, focadas em veículos eletrificados. Dados da Anfavea mostram que a participação de veículos importados nas vendas do país saltou de 13%, há três anos, para quase 20% em 2025.

Estratégia e promessa para 2026

Para acelerar sua entrada no segmento, a Volkswagen contratou um empréstimo de R$ 2,3 bilhões junto ao BNDES. A promessa da marca é que todos os novos lançamentos a partir de 2026 terão, ao menos, uma versão eletrificada.

“A gente anunciou algumas semanas atrás a entrada realmente da Volkswagen na eletrificação, com mais força. Então, todos os carros produzidos que nós vamos lançar a partir de 2026 vão ter algum tipo de eletrificação”, afirmou Possobom.

Híbridos flex como solução para o Brasil

O presidente da Volkswagen defendeu os híbridos flex como a solução mais adequada para o mercado brasileiro no curto e médio prazo. A justificativa leva em conta o tamanho do país, os hábitos de uso do carro pelo brasileiro — que roda em média de 13 a 15 mil km por ano — e a preocupação com o valor residual do veículo a longo prazo.

“O brasileiro, ele tem um comportamento. Ele precisa ficar anos com o carro. Tem que cuidar muito com o valor residual desse carro. Como é que vai estar essa tecnologia daqui a 3, 4 anos? Então, a gente acredita que a solução de híbridos é a melhor solução aqui para o brasileiro”, comentou.

Embora a montadora pudesse importar veículos elétricos produzidos na China, seguindo o exemplo de concorrentes, Possobom afirmou preferir fabricar localmente, com tecnologias adaptadas ao mercado nacional.

Fonte: g1.globo.com